A cada início de ano letivo das instituições de Ensino Superior, normalmente, dois sentimentos se misturam entre os novos acadêmicos: a felicidade de iniciar uma nova e importante etapa da vida e o receio de que a falta de bom senso os tornem vítimas de brincadeiras estúpidas. É a época dos trotes que, embora tenham uma ampla campanha contrária, ainda são comuns, como bem mostrou ampla reportagem da jornalista Raquel Bierhals, publicada na edição de segunda-feira (21) do Diário Popular.
Nas últimas semanas tem sido fácil encontrar nas ruas algumas dezenas de jovens sujos de tinta e de outros produtos, a pedir dinheiro para cumprir com as determinações impostas pelos universitários veteranos. Para muitos dos cerca de 4,3 mil alunos que ingressam nas universidades de Pelotas é um rito de passagem do qual querem participar. Mas para outra fatia, são momentos desconfortáveis que - não raro por imprudência - acabam por ferir e ganhar destaque nos noticiários.
Isso ocorre agora, por exemplo, com o caso da estudante de Publicidade e Propaganda da UCPel que teve o rosto queimado pela tinta usada no trote ou com o grupo de alunos de Engenharia Mecânica da Furg, fato que no início deste mês gerou polêmica na instituição rio-grandina. Até drogas os novos acadêmicos teriam sido obrigados a utilizar, segundo denúncias de familiares dos calouros.
As situações verificadas nas duas maiores cidades da região se assemelham a outras tantas ocorridas país afora a cada início de ano letivo. As instituições, na maioria dos casos, se excluem da responsabilidade. Afirmam não autorizar o trote e que os incidentes ocorrem, na maioria das vezes, fora do campus. Limitam-se apenas a lamentar os ocorridos. No entanto, as universidades deveriam lidar com esse transtorno. Poderiam punir com as devidas medidas acadêmicas os autores, advertindo ou até expulsando os responsáveis. Elas também precisam reforçar sua segurança, com monitores e filmagens, de forma que possam identificar os culpados e, se for o caso, solicitar até reforço da polícia no lado externo de seu prédios nas retomadas de ano letivo, evitando ao máximo essa prática deplorável.
Infelizmente, ainda que com o passar dos anos os trotes solidários tenham ganhado espaço, eles não conseguiram acabar com as recepções mais agressivas. Arrecadações de livros, de roupas e de alimentos, assim como doação de sangue, são alguns dos exemplos de iniciativas de boas-vindas que geram benefício à sociedade e reforçam nos novos acadêmicos os compromissos que poderão assumir com suas comunidades assim que encerradas suas trajetórias acadêmicas. Logo, mais atividades deste gênero precisam ser estimuladas, não apenas pelas instituições de ensino, mas, principalmente, pelos universitários veteranos.
Um comentário:
na realidade foram os agentes penitenciários que controlaram o tumulto.
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