O Texto abaixo é uma reprodução do informativo da ACICAN (ASSOCIAÇÃO DO COMÉRCIO, INDÚSTRIA E SERVIÇOS DE CANGUÇU), de autoria de Zuleica Reys Barbosa, que apresenta o que foi o carnaval de Canguçu na sua época de ouro, com grande animação e participação popular. Confira:
Vida que brota da alma, escondida o ano inteiro...
Vem à tona com tamanha euforia , com tanta intensidade
que parece não caber na forma que a encerra,
E ri... e canta... e dança... e vive tudo de uma vez ,
para depois dormir mais um ano, sossegada e serena.
Se olhar assim, com olhos comuns, não se identifica esta alma intensa
O carnaval de Canguçu, hoje se mostra muito diferente do que já foi no passado, pois já tivemos um carnaval empolgante, envolvente e alegre. Quem brincou o Carnaval no Salão do Harmonia até a final da década de 1990, sabe do que estou falando... O novo século chegou, cheio de vida e de novidades, porém, o século que se foi, levou com ele a magia do Carnaval Canguçuense, restando a lembrança, este tesouro tão precioso, que me traz de volta momentos inesquecíveis.
Os foliões preparavam-se com esmero para os bailes de carnaval, mandavam confeccionar fantasias que iam do luxo a originalidade e colocavam seus blocos na rua e nos salões dos clubes Harmonia e Recreativo América, havendo entre estes grande integração e amistosa convivência. No decorrer da folia eram realizados cinco ou seis bailes: O Grito de carnaval, realizado no sábado anterior as quatro noites oficiais de carnaval e no sábado seguinte ainda havia, por vezes, o “Enterro dos ossos”. No “Grito” costumava-se ir mascarado, sedo este baile uma preparação para a festa que viria... Que preparação! Que festa!
Nas décadas de 80 e 90, blocos carnavalescos tradicionais faziam a festa com muita alegria, entre eles o Deixa Falar, o Saca-rolha, o Rebu, As Bruxas, o Cordão do Amor, O ET , Los Tarados, Os Bugres, Os Maconeiros, e tantos outros; houve ano em que mais de 60 blocos animaram o Carnaval de Salão no Harmonia. Em outros tempos foram responsáveis pela animação do carnaval os blocos: O Cortiço, Jurubeba, Engov, Fantástico, entre outros e em tempos mais antigos ainda, constam em registros fotográficos: Bloco da Folia, Índias Astecas, Bloco da Garrafa, Bloco dos Casais, Bloco Trio, Águias Brancas, Bloco Coração de Luto e Bloco Águias Brancas, este foi um dos mais antigos e famosos , do qual temos guardado no Museu Municipal seu estandarte. Entre os primeiros Bloco Carnavalescos de Canguçu estão “ Os Saltões” e “Os filhos do Luar”.
E o carnaval de rua... Animado, cheio de mascarados, de homens vestidos de mulher; tanta alegria trazida às ruas por pessoas como o querido tio Arlindo que, com sua simplicidade e entusiasmo juvenil a frente do bloco dos bichos, incentivava a todos para que fizessem a festa. Havia também o bloco Unidos das Vila Isabel, comandado pelo Manuel, este também animava as ruas, porém, não tinha os bichos; por último não se pode esquecer o Bloco Unidos dos Uruguai, coordenado pelo Paulinho.
Igualmente inesquecível era o programa carnavalesco que ia ao ar, todas as noites, pela rádio Liberdade... Programa “Em tempo de Carnaval”, sob o comando do radialista Jesus Pereira, que animava a festa pelo rádio, realizava entrevistas com os foliões, relembrava antigas marchinhas de carnaval, além de frequentar as sedes de blocos carnavalescos para ao vivo transmitir seu programa.
No ano de 1982, Rei Momo, Salazar Ribeiro de Souza, chegou a compor uma música para o Carnaval de Canguçu, que muito bem o definia:
Carnaval em Canguçu
É festa pra todo povo,
Quem aqui vem uma vez
Voltará sempre de novo.
Tem Pierrô e Colombina
Desfilando no salão,
Tem Rei Momo e tem Rainha
Fazendo aquela animação.
(estribilho) Pula, pula, pula,
Que eu quero sambar
Pula, pula, pula
Que eu quero cantar.
A lua fez feriado
E a noite escureceu,
Vamos mostrar a esta gente
Que o carnaval não morreu.
A festa estava boa
E você apareceu,
Vamos pular agarradinhos,
Eu você, você eu.”
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