Miriam Marroni*
Sonhamos com um namorado perfeito, um príncipe carinhoso, gentil, inteligente e queremos sempre um amor eterno. Somos românticas, nossa necessidade é amar e ser amadas, mas a vida não tem sido assim para muitas mulheres. Vivemos uma doença cultural, lei invisível dos costumes que criou o machismo do poder e da violência masculina.
"O mundo com mais mulheres tem menos guerra, menos violência e menos corrupção", disse a escritora Rose Marie Muraro. Ressalto a afirmação desta intensa ativista do feminismo porque escrevo a lamentar a perda caríssima de muitas, devido à violência brutal. Oito mulheres mortas em oito dias. De janeiro para cá, mais de 50 foram assassinadas em nosso Estado, mais da metade pelo companheiro. Namorados, essa perda é irreparável porque além da dor e dos órfãos, deixa o sentimento de luto de que nós mulheres não estamos protegidas, os agressores estão dentro de nossas?casas. Essa perda reforça que em pleno século XXI estamos sujeitas a um modelo cultural primitivo, de preconceito, de discriminação e de dominação ainda do macho sobre a fêmea.
Quando nascemos nosso sexo é definido pela natureza, já nosso comportamento tem influência direta da formação e educação que recebemos em um meio social constituído por um modelo cultural histórico machista. A concepção do masculino como sujeito da sexualidade e do poder e do feminino como seu objeto é um valor asqueroso da cultura ocidental que conheço. Entretanto, não podemos simplesmente aceitar isso como resposta que justifique que 43% das mulheres brasileiras, pobres ou ricas, vivam em ambiente de violência doméstica.
É inconcebível que a cada 15 segundos uma mulher sofra violência física, psicológica ou sexual. Protestamos, promovemos debates, mas precisamos ações objetivas, urgentes, integradas. Criamos várias políticas públicas, Delegacia da Mulher, Lei Maria da Penha, Casa de Acolhida. No Estado, a Patrulha Maria da Penha, brigamos por criação de juizados especiais, mas parece que é pouco, os dados e estatísticas cada vez mais mostram a deformação cultural que destrói a pessoa, a família, os filhos e por consequência o tecido social. Não é uma agressão qualquer, destrói aquilo que nos forma: a família.
Penso que a grande tarefa é dotar a sociedade de um processo educacional que passa pela escola de turno integral de qualidade, onde poderemos formar uma juventude com valores éticos, comportamentos de respeito à diferença, com solidariedade e fraternidade.
A mudança que precisamos não é a da substituição da opressão feminina pelos valores e poder do mundo masculino. Precisamos, com urgência, direitos iguais. Queremos nos descobrir, construir nossa identidade de forma libertária, com o feminino do prazer e do desejo, da sexualidade e da liberdade, sem repressão, sem violência. Não somos propriedade de ninguém. Nós precisamos que estes sejam os novos paradigmas culturais para recriar homens e mulheres. Os homens precisam dizer: não queremos ser o que fizemos de nós.
*Miriam Marroni é psicóloga e Deputada Estadual pelo PT/RS.
Sonhamos com um namorado perfeito, um príncipe carinhoso, gentil, inteligente e queremos sempre um amor eterno. Somos românticas, nossa necessidade é amar e ser amadas, mas a vida não tem sido assim para muitas mulheres. Vivemos uma doença cultural, lei invisível dos costumes que criou o machismo do poder e da violência masculina.
"O mundo com mais mulheres tem menos guerra, menos violência e menos corrupção", disse a escritora Rose Marie Muraro. Ressalto a afirmação desta intensa ativista do feminismo porque escrevo a lamentar a perda caríssima de muitas, devido à violência brutal. Oito mulheres mortas em oito dias. De janeiro para cá, mais de 50 foram assassinadas em nosso Estado, mais da metade pelo companheiro. Namorados, essa perda é irreparável porque além da dor e dos órfãos, deixa o sentimento de luto de que nós mulheres não estamos protegidas, os agressores estão dentro de nossas?casas. Essa perda reforça que em pleno século XXI estamos sujeitas a um modelo cultural primitivo, de preconceito, de discriminação e de dominação ainda do macho sobre a fêmea.
Quando nascemos nosso sexo é definido pela natureza, já nosso comportamento tem influência direta da formação e educação que recebemos em um meio social constituído por um modelo cultural histórico machista. A concepção do masculino como sujeito da sexualidade e do poder e do feminino como seu objeto é um valor asqueroso da cultura ocidental que conheço. Entretanto, não podemos simplesmente aceitar isso como resposta que justifique que 43% das mulheres brasileiras, pobres ou ricas, vivam em ambiente de violência doméstica.
É inconcebível que a cada 15 segundos uma mulher sofra violência física, psicológica ou sexual. Protestamos, promovemos debates, mas precisamos ações objetivas, urgentes, integradas. Criamos várias políticas públicas, Delegacia da Mulher, Lei Maria da Penha, Casa de Acolhida. No Estado, a Patrulha Maria da Penha, brigamos por criação de juizados especiais, mas parece que é pouco, os dados e estatísticas cada vez mais mostram a deformação cultural que destrói a pessoa, a família, os filhos e por consequência o tecido social. Não é uma agressão qualquer, destrói aquilo que nos forma: a família.
Penso que a grande tarefa é dotar a sociedade de um processo educacional que passa pela escola de turno integral de qualidade, onde poderemos formar uma juventude com valores éticos, comportamentos de respeito à diferença, com solidariedade e fraternidade.
A mudança que precisamos não é a da substituição da opressão feminina pelos valores e poder do mundo masculino. Precisamos, com urgência, direitos iguais. Queremos nos descobrir, construir nossa identidade de forma libertária, com o feminino do prazer e do desejo, da sexualidade e da liberdade, sem repressão, sem violência. Não somos propriedade de ninguém. Nós precisamos que estes sejam os novos paradigmas culturais para recriar homens e mulheres. Os homens precisam dizer: não queremos ser o que fizemos de nós.
*Miriam Marroni é psicóloga e Deputada Estadual pelo PT/RS.
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