Um grupo defende grandes mobilizações, mas outro quer protestos menores
Dividida, a coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a pouco mais de duas semanas do final do mês, ainda discute como serão feitos os protestos para marcar o Abril Vermelho no Rio Grande do Sul. Um grupo defende a realização de “manifestações relâmpagos”, e outro, prolongados fechamentos de estradas, invasões e manifestações políticas. A divisão na direção do MST é resultado do esfacelamento político do movimento, causado por lutas internas.
Adata lembra o massacre de 19 agricultores por policiais militares, em abril de 1996, durante um confronto em Eldorado dos Carajás, no sul do Pará. A decisão sobre que formas os protestos tomarão em solo gaúcho deverá ser tomada em uma reunião dos coordenadores, mas, até ontem, o encontro decisivo não tinha data marcada para ocorrer. Estava acertado apenas que ela seria realizada no interior de Eldorado do Sul, na Região Metropolitana.
No dia em que encontro ocorrer, um grupo defenderá que seja dado um forte recado de repúdio ao agronegócio, às florestadoras e à criminalização dos movimentos sociais. Esse grupo pedirá que o centro das manifestações seja a cidade de São Gabriel, onde, em agosto passado, o sem-terra Elton Brum foi morto pelo policial militar Alexandre Curto dos Santos durante um confronto na desocupação da Fazenda Southall. Santos responde por homicídio qualificado na Justiça em São Gabriel.
Outro grupo de coordenadores vai se propor manifestações relâmpago, a exemplo das que foram feitas no ano passado. Na época, houve uma invasão à Fazenda São João, na localidade de Armada, no interior de Canguçu, que durou duas horas, e uma caminhada de acampados e assentados da região da Fronteira até São Gabriel. No final da tarde de ontem, um dos coordenadores do movimento falou que inclusive há possibilidade de o protesto se reduzir a um evento.
Fazendeiros mantêm vigilância no campo
Seja qual for a decisão da coordenação gaúcha do MST, ela deverá seguir a tradição dos movimentos sociais em ano de eleição presidencial: diminuir o volume e a intensidade dos protestos. Neste ano, na primeira semana do Abril Vermelho, em São Paulo, o MST invadiu cinco prédios públicos e três fazendas. Em Pernambuco, foram 16 invasões. O auge dos protestos foi em 2004, quando aconteceram 103 invasões no Brasil. No ano passado, foram 29 no país, uma deles no Estado.
– Temos informações de que o MST está planejando ações para marcar o Abril Vermelho. Não há nenhum informe a respeito de invasões. Estamos atentos – informou o coronel Jones Calixtrato, subcomandante-geral da Brigada Militar (BM).
Fazendeiros estão atentos às movimentações do MST. Como fizeram no ano passado, os proprietários rurais colocaram em ação na Campanha o Alerta Verde, uma rede formada por fazendeiros e seus peões, que vigiam o entra e sai de pessoas nos acampamentos e assentamentos. Até ontem, não havia sido registrada nenhuma normalidade, explicou, em Bagé, Paulo Ricardo Dias, presidente da Comissão Fundiária da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).
– Eles não vão deixar passar a data em brancas nuvens. Vão fazer alguma coisa – observou Dias.
ZERO HORA
2 comentários:
ainda falam en tarso dilma que deus nos proteja
Quando eles invadem, quem é o unico partido político prejudicado????
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