Polícia Federal conclui que Divaldo Lara (PL) e outras 12 pessoas participaram de esquema que obrigava servidores municipais a contribuir com parte do salário para campanhas políticas.
A Polícia Federal indiciou o ex-prefeito de Bagé Divaldo Lara (PL) e outras 12 pessoas por prática de "rachadinha", que é a solicitação de parte do salário de servidores para ajudar em campanhas eleitorais. A iniciativa é considerada ilegal e o dinheiro arrecadado não foi declarado à Justiça Eleitoral, conclui o inquérito policial.
Entre 2017 e 2024 Lara foi duas vezes consecutivas prefeito de Bagé, cidade com 118 mil habitantes situada na fronteira com o Uruguai. A investigação da PF aponta que desde 2017, servidores comissionados teriam sido obrigados a destinar parte dos salários para o grupo.
O desconto, em tese, seria para ajudar o partido do prefeito (o PL), mas parte do dinheiro teria sido usado pelo político para despesas particulares. A esposa de Lara, Priscila Fischer Lara, também foi indiciada. O suposto desvio seria de mais de R$ 3,3 milhões, de acordo com a polícia.
A rachadinha teria atingido ao menos 373 servidores que tiveram que contribuir obrigatoriamente. Quem não aderia corria o risco de ser exonerado, aponta a PF. Divalgo Lara já está inelegível por oito anos, devido a outra ação eleitoral.
O inquérito é a conclusão de três operações denominadas Coactum, que se referem ao "caráter compulsório das contribuições a que os servidores são obrigados a entregar parcelas de suas remunerações, sob pena de exoneração dos cargos", diz a PF. Numa das fases foram apreendidos imóveis e veículos dos investigados, para garantir o ressarcimento ao erário. Os bens seguem à disposição da Justiça Eleitoral.
Apesar de dois vereadores terem sido investigados, eles não foram indiciados, nem outros agentes públicos além do prefeito. Lara foi indiciado por inserção de declaração falsa em prestação de contas eleitorais (conhecido como "caixa dois eleitoral"), organização criminosa, peculato, apropriação indébita e lavagem de capitais.
Lara foi recentemente absolvido num processo por rachadinha que teria sido feita quando ele era vereador, entre 2008 e 2012.
A reportagem solicitou posição a respeito do inquérito ao defensor de Lara, João Henrique Salim Schmidt. Ele disse que não teve ainda acesso aos autos e vai aguardar para comentar
GZH

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