O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) da Secretaria Estadual de Saúde (SES) do Rio Grande do Sul emitiu um alerta epidemiológico para o surto de doença meningocócica em Pelotas, nesta quarta-feira (1º). Na terça-feira, foram confirmados três casos da doença no município.
Em 2025, foram registrados sete casos da doença nos municípios da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (3ªCRS). Cinco são casos de meningite bacteriana do sorogrupo Y e dois são do sorogrupo C. O número de diagnósticos é superior ao mesmo período de 2024, quando houve quatro casos, e de 2023, com dois casos.
Entre agosto e setembro, Pelotas teve três casos. Uma criança de cinco meses e um adulto de 72 anos foram diagnosticados com a meningite bacteriana do sorogrupo Y, enquanto um adulto de 42 anos foi diagnosticado com a doença do sorogrupo C.
Outros dois casos foram diagnosticados entre maio e junho: um adulto de 24 anos com a doença meningocócica do sorogrupo C e uma criança de oito anos diagnosticada com o sorogrupo Y.
Segundo o alerta, o diagnóstico de três casos do sorogrupo Y em pacientes que não possuíam vínculo epidemiológico configuram um surto da doença em Pelotas.
Além de Pelotas, a região também registrou casos da doença em Canguçu, onde dois adultos de 38 e 26 anos foram diagnosticados com a doença do sorogrupo Y entre julho e agosto. Um deles morreu.
No alerta, o CEVS orienta para a necessidade do diagnóstico precoce e do tratamento adequado da doença, incluindo a quimioprofilaxia do paciente e de pessoas próximas com antibiótico. Os técnicos também recomendam a imunização com as vacinas meningocócica C e ACWY em crianças e adolescentes.
Tipo diferente da Serra
O médico infectologista e chefe da Unidade de Vigilância em Saúde do Hospital Escola da UFPel, Hilton Luiz Alves Filho, explicou que os casos de Pelotas são diferentes dos identificados em Bento Gonçalves, na Serra, que também teve três confirmações recentes.
No entanto, o médico destaca que, independentemente do tipo da doença, o desenvolvimento do quadro é semelhante nos pacientes.
— O que explica a gravidade da doença é o fato de a pessoa estar ou não vacinada. É um quadro agudo, geralmente com febre alta, dor de cabeça, rigidez de nuca, náuseas e vômitos.
O infectologista orienta a necessidade de se adotar medidas de prevenção com as pessoas que tiveram contato com o paciente. A transmissão ocorre por gotículas, como a saliva, e pelo contato direto com pessoas infectadas.
Por que três casos são considerados surto
Conforme critérios do Ministério da Saúde, três casos de meningite já configuram surto, independentemente do período em que são registrados. A regra é mais rígida porque a doença é classificada como de alta gravidade e exige resposta imediata das autoridades de saúde. A classificação é determinada pelo Código Internacional de Doenças (CID), que padroniza a vigilância em saúde em todo o país.
— A meningite é um dos agravos em que três casos já são suficientes para ser considerado surto, justamente pela gravidade da doença. Pode acontecer de os registros serem no mesmo mês ou em meses diferentes, e, ainda assim, essa classificação se mantém, porque é o tipo de enfermidade que exige investigação imediata — explicou a diretora de Vigilância em Saúde de Pelotas, Vera Neto.
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