O professor e doutorando em Parasitologia pela Universidade Federal de Pelotas, Ítalo de Leon, que atua na pesquisa na área da Doença de Chagas, estruturou um estudo sobre casos existentes em Canguçu. O município apresentou, por muitos anos, um grande número de casos especialmente nos anos da década de 1980. Cenário que atualmente é diferente após anos de campanhas educacionais e de conscientização sobre o tema.
Em abril de 2024 foram feitas 333 coletas de sangue em voluntários que aceitaram participar do estudo. Destes 61 foram diagnosticados com a doença, em torno de 17% dos voluntários, majoritariamente em pessoas com idade mais elevada. Ítalo esclarece que erroneamente em meios de comunicação ocorreu um erro de divulgação nos dados da pesquisa. Quando relatado o resultado de 17% dos investigados com casos positivos, passou a ideia que seria percentual da população, o que não era e sim somente entre os investigados.
A doença de chagas é transmitida pelas fezes do "barbeiro", também chamado de "chupão". Quando o inseto pica a pessoa ele acaba defecando e no local da picada abre a possibilidade para a infecção. "Hoje, aqui na região, a chance maior é por meio da transmissão vertical(entre 3 e 5%), ou seja, de mãe para filho. Provavelmente a gente vivenciou isso em Canguçu uma alta positividade nas décadas de 1970, 1980, e acabaram passando para os filhos e naquela época tinha muito o barbeiro na região", destaca Ítalo. Outra forma de transmissão comum na década de 1980 era a transmissão pelo sangue. A doença estaria, atualmente, mais presente em estados como o Pará.
COLETA DO MOSQUITO
Nesta semana os agentes comunitários de saúde e endemias do município estiveram realizando a busca e coleta do barbeiro em Canguçu, em uma região aproximadamente 10km da zona urbana. O barbeiro ainda está na região e o pesquisador orienta a evitar entrar em contato na região onde pode se proliferar, na mata. Os insetos encontrados foram levados para estudo em laboratório para saber se eles carregam ainda o protozoário da doença.
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