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08 maio 2024

RS: Onda negacionista acusa governos de não atuar e até de impedir resgates

 "A PM estava impedindo resgates no domingo." "O Exército está impedindo que as pessoas ajudem." "Estavam na ponte, acionei o quartel três dias e não fizeram nada."

Comentários como esses foram retirados das redes sociais e fazem parte de uma onda de discursos negacionistas na internet nos últimos dias, que alegam que o poder público não está atuando nos resgates de vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul e que até atrapalha quem tenta ajudar.

Apesar de a ajuda de voluntários anônimos no salvamento e com doações ser importante, diante do tamanho sem precedentes da tragédia, as forças estatais de todas as esferas, municipal, estadual e federal, têm atuado para salvar vidas.

Segundo balanço desta terça-feira (7) à noite, somente os trabalhos conjunto de Forças Armadas, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Brigada Militar, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e voluntários resgataram 50 mil pessoas no estado, onde 401 municípios sofrem as consequências das chuvas.

As forças de segurança estaduais, incluindo Brigada Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros, mobilizaram mais de 2.000 servidores, atuando tanto na linha de frente quanto na retaguarda dos salvamentos nas regiões mais afetadas. E o governo federal tem cerca de 14,5 mil pessoas ajudando no estado, sendo 13,6 mil militares.

Seja por vídeos circulando no WhatsApp, comentários em redes sociais ou postagens, internautas têm "denunciado" em massa. Desde o início da crise pós-chuvas, o UOL Confere tem feito matérias para desmentir as principais fakes que estão circulando sobre o tema.

O principal painel desses comentários são as páginas de órgãos oficiais, em especial do Exército, onde há milhares de pessoas repetindo que "o povo está se salvando" e que a ajuda dada "foi de empresários, não do governo".

Nem mesmo imagens reais de resgates convencem internautas, que alegam incorretamente que os vídeos são falsos.

O que está por trás disso?

Para especialistas consultados pelo UOL, por trás desses comentários há uma máquina de fake news organizada e bem articulada na distribuição de desinformação.

A professora de jornalismo da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) e pesquisadora sobre desinformação no Analisa (Laboratório de Análise Discursiva de Fake News), Mércia Pimentel, acredita que esse novo negacionismo, que diz ver a falta de ação no Rio Grande do Sul, segue um princípio similar ao negacionismo climático, ao terraplanismo ou ao movimento antivacinação.

"Esses comentários aparentemente inofensivos são carregados de sentidos ideológicos, que reproduzem interesses de grupos de poder", diz.

"Quando se diz que 'é o povo quem está se salvando', ao mesmo tempo em que se nega a ação do Estado, reproduz-se uma memória discursiva de que a solução está na iniciativa privada. Veladamente, discursos negacionistas têm como base teorias revisionistas e conspiratórias, bem como interesses políticos e/ou econômicos", destaca Mércia Pimentel. (UOLUOL)

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