Deputados, empresários e sindicatos avaliam mudanças na poupança
As alterações na remuneração da poupança anunciadas pelo governo nesta
quinta-feira já repercutem entre parlamentares, empresários e
representantes dos trabalhadores. Em diferentes reuniões no Planalto, a
presidente Dilma Rousseff explicou aos vários setores que haverá uma
espécie de gatilho cada vez que a taxa básica de juros, a Selic, atingir
8,5% ao ano.
Quando o percentual for menor ou igual a 8,5%, a poupança vai pagar
70% da Selic, mais a variação da Taxa Referencial, TR. Caso a Selic
fique acima dos 8,5%, a remuneração da poupança segue o critério atual,
ou seja, 6,17% ao ano, mais a variação da TR.
As alterações estão em uma medida provisória e não atingem cadernetas
de poupança já existentes até esta sexta-feira (4 de maio). As regras,
portanto, valem apenas para novas poupanças e novos depósitos.
Redução de juros
Líder do PSB, a deputada Sandra Rosado (RN), que participou da
reunião no Planalto, explicou que o objetivo do governo é continuar a
política de redução de juros e evitar uma eventual migração em massa
para a poupança, que passaria a ser bem mais atraente do que outros
investimentos caso o critério de remuneração permanecesse o mesmo.
Sandra Rosado manifestou apoio à presidente Dilma. “Ela procura
preservar a poupança, diminuir os juros e os impostos e garante uma
grande reforma econômica no Brasil. Com a remoção desses obstáculos em
relação às taxas de poupança e os juros, a presidente procura preservar
os poupadores, principalmente aqueles que acreditaram na poupança, sem
que haja especulação financeira disso”, avaliou a parlamentar.
Também presente à reunião no Planalto, o líder do PMDB, Henrique
Eduardo Alves (RN), sugeriu que o ministro da Fazenda, Guido Mantega,
explique no Congresso as novas regras da poupança. "Eu disse ao ministro
Mantega que ele viesse, já na semana que vem, discutir com a bancada do
PMDB. Eu acho que devemos ampliar o que ouvimos hoje. Quem tem uma
causa boa como esta quer convencer os outros”, afirmou.
Discussão com lideranças
Ontem, em entrevista coletiva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega,
informou que alterações na remuneração da poupança foram discutidas com
lideranças partidárias e representantes sindicais e do empresariado. A
medida, de acordo com ele, recebeu apoio dos setores consultados. “Não
houve nenhuma voz dissonante que disse que era inoportuno fazer isso,
mesmo estando em ano eleitoral. Não houve nenhuma crítica à medida.
Houve sugestões, recomendações, mas nenhuma crítica”, disse o ministro.
Ao permitir a continuidade da queda das taxas de juros, as mudanças
na remuneração da poupança estimularão a concorrência entre as
instituições financeiras, disse hoje (3) o ministro da Fazenda, Guido
Mantega. Ao explicar a nova fórmula de cálculo do rendimento, ele
declarou que os fundos de investimento terão de reduzir a taxa de
administração para manter os clientes.
Mudanças necessárias
Para o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp),
Paulo Skaf, as alterações eram mesmo necessárias. Ele avalia que redução
de juros é uma luta que realmente vai ao encontro dos interesses da
sociedade. Em relação à poupança, afirmou, não se pode ter um País de
juros baixos com um rendimento de poupança que seja elevado, “porque
isso impediria, num determinado momento, a baixa dos juros”.
Presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva
(PDT-SP) também aprovou da medida. “Como garante os direitos das
pessoas, dos atuais poupadores, achamos o plano positivo. Daqui para a
frente, é outra condição”, avaliou.
Já o líder do PSDB, Bruno Araújo (PE),
disse que o governo resolveu mexer no bolso dos mais pobres em vez de
cortar receitas. Uma das alternativas, afirmou, era reduzir a carga
tributária sobre os demais investimentos, tornando-os mais atrativos e
deixando-os em situações até melhores que a poupança. “No momento em que
o governo deixa de tomar essa medida, significa que ele não admite por a
mão no próprio bolso, não admite reduzir receitas, trocando pela
penalização da maioria da população que aposta neste instrumento para
proteger parte de suas reservas."
Segundo Bruno Araújo, o PSDB vai analisar em detalhes a medida
provisória e só então vai fechar uma posição em torno do texto proposto
ao Congresso.
Reportagem - Idhelene Macedo/Rádio Câmara
Edição – Maria Clarice Dias
Com informações da Agência Brasil
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