O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (22), que o paracetamol, princípio ativo do Tylenol, pode estar associado a um risco maior de autismo e defendeu que o medicamento seja evitado durante a gravidez e na infância. "Não se deve dar Tylenol a uma criança", declarou.
Em coletiva de imprensa na Casa Branca, Trump alertou para que não tomem o medicamento "a não ser que você tenha uma febre insuportável e tome apenas um". "Cuba não tem acesso a Tylenol e eles virtualmente não têm casos de autismo", disse, sem apresentar provas.
O republicano também voltou a falar sobre vacinas, dizendo não querer mercúrio ou alumínio em vacinas e que as doses contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR) "deveriam ser tomadas separadamente". Ele acrescentou ainda que "não há razão para dar vacinas contra hepatite B a recém-nascidos". Novamente, não apresentou qualquer estudo a respeito.
O paracetamol, princípio ativo do Tylenol, é amplamente consumido em todo o mundo e tem sido alvo de revisões recentes de estudos que sugerem uma ligação entre seu uso no início da gravidez e maior risco de autismo em crianças. A recomendação que deve ser divulgada é de que mulheres grávidas evitem o medicamento, a menos que estejam com febre.
Paralelamente, autoridades da FDA analisam dados sobre a leucovorina, remédio geralmente utilizado contra efeitos colaterais de outros tratamentos e para deficiência de vitamina B9. Ensaios clínicos iniciais indicaram melhora na fala e na compreensão de crianças autistas. A iniciativa, tratada como prioridade pelo presidente Trump, envolve altos funcionários da área de saúde, incluindo Robert F. Kennedy Jr., Marty Makary e Jay Bhattacharya.
Fabricante do Tylenol rebate afirmação do governo Trump. "A ciência sólida mostra claramente que tomar paracetamol não causa autismo", argumento a Kenvue em nota divulgada durante a coletiva de imprensa.
Especialistas rebatem associação
Até hoje, a administração de paracetamol em mulheres grávidas era considerada segura pela FDA. Alguns pesquisadores renomados, como David Mandell, especialista em autismo da Universidade da Pensilvânia, já afirmaram não entender como o remédio poderia ter ligação com o autismo.
Pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association em 2024 não encontrou ligação do paracetamol com o autismo. A pesquisa em questão analisou 2,4 milhões de crianças nascidas na Suécia e não encontrou qualquer evidência que ligasse o transtorno ao remédio.
A comunidade científica ressalta que não há evidências conclusivas que confirmem essa ligação. Embora algumas pesquisas observacionais tenham sugerido possíveis associações, estudos mais recentes e rigorosos não encontraram provas suficientes para estabelecer uma relação de causa e efeito entre o uso do paracetamol na gestação e o autismo.
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